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NOTÍCIAS
10/06/2014

"Infâncias Desaparecidas": conheça a campanha contra o trabalho infantil

 Em Poá, região metropolitana de São Paulo, quatro mulheres desenvolvem a difícil e honrosa missão de comandar, cada uma, uma casa com nove crianças. Chamadas de mães-sociais, elas são cuidadoras permanentes de crianças que foram destituídas de seus lares por causa de maus tratos, abuso ou falta de cuidados. Apesar da pesada bagagem carregada por cada criança, no conjunto de casas coloridas da Organização sem fins lucrativos Aldeias Infantis novas famílias se formam e cada menina e menino tem a oportunidade de construir uma nova infância.
Na casa da mãe Divina, teve corre-corre para deixar a casa bem arrumada para receber as visitas. No grupo de nove, três irmãs e um casal de irmãos vieram para viver juntos. O envio para a Organização, que já atingiu 120 mil crianças no Brasil nos últimos 46 anos (por meio do acolhimento ou do trabalho de fortalecimento junto às famílias) é determinado por um juiz e pelo conselho tutelar e é acompanhado por psicólogas e assistentes sociais.
A partir desse momento, a Organização realiza um trabalho com as famílias para tentar fazer com que as crianças sejam restituídas ao lar. Quando isso não acontece, as crianças entram para as listas de adoção - entretanto, em apenas 5% dos casos a adoção se concretizam, afirma o gestor da unidade de Poá, Rogério Lima de Aguiar.
No Brasil, são 78 mães-sociais distribuídas em 12 estados brasileiros e no Distrito Federal. Elas são registradas em carteira e têm direito a décimo-terceiro, férias e uma folga semanal. No período, as crianças são assistidas por outras cuidadoras, as tias, mulheres ainda em treinamento para se tornarem cuidadoras definitivas. Em acolhimento, são 765 crianças e jovens. Outros 4029 são atendidos pelo programa de fortalecimento familiar.
A Organização foi fundada na Áustria, em 1947, pelo educador Hermann Gmeiner, no contexto do pós-guerra. Gmeiner notou que muitas crianças haviam ficado órfãs depois dos conflitos, ao passo que mulheres também ficaram sozinhas (perderam maridos e filhos na guerra). O objetivo então foi criar casas que se tornassem o mais próximo possível de um lar.
Com o tempo, entretanto, o grupo percebeu que era necessário fazer um trabalho para evitar que se chegasse no ponto da destituição do poder familiar. "Aqui é um lugar lindo, quem não gostaria de passar férias num lugar como esse? Mas essas crianças queriam estar com suas famílias, o desejo, pelo menos da maioria, é voltar pra lá", afirma Katia Nascimento, da sede da organização.
Bonecas e fotografias
A hora do almoço se aproxima na casa de Divina e ela tem que adianta os trabalhos para as três meninas que vão para a escola de tarde. O almoço tem que ser feito no panelão, ela conta. As meninas almoçam primeiro e seguem para a escola. Depois Divina vai buscar os mais novos, que estudam na parte da manhã.
Qual o prato preferido das meninas? A sobremesa! (qual delas especificamente não parece importar muito). Enquanto esperam, uma delas mostra a medalha que ganhou no campeonato de futebol na escola e a outra conta animada "amanhã é o aniversário dela! Ela vai fazer 12 anos" e aponta para a irmã biológica. As meninas têm de 6, 11 e 12 anos e dividem o mesmo quarto, todo rosa e cheio de bonecas e fotografias.
Com mais de 500 funcionários no País e um know-how de mais de quatro décadas, a Organização decidiu expandir suas atividades. A nova inciativa do grupo é a campanha Infâncias Desaparecidas, que combate o trabalho infantil. Segundo números da Organização Internacional do Trabalho, o País tem hoje 3.518.000 de crianças trabalhando. "O trabalho infantil não é apenas o trabalho realizado em carvoarias, é todo e qualquer trabalho realizado por menores de 16 anos", diz Kátia Nascimento. "Trabalho doméstico, feito em casa, também é trabalho infantil."
Apesar da redução drástica dos últimos 20 anos - dados da OIT mostram que o número era de 8.312.391 de crianças em 1990, uma redução de 56% -, a quantidade de crianças que desperdiçam suas infâncias trabalhando ainda assusta.
A campanha espera conseguir 800 novos colaboradores mensais para que o projeto seja colocado em prática. Ele será uma réplica do primeiro programa desenvolvido na cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte. Na cidade, a Organização trabalhou junto às famílias de 500 crianças que trabalhavam. "Alertamos sobre os riscos do trabalho infantil e sobre a importância da escola para a infância", diz Kátia. "Para quem o trabalho infantil impactava na renda, fomos atrás de cursos profissionalizantes para os pais. Também desenvolvemos atividades paralelas para as crianças, como de reforço escolar", conta ela. O resultado foi a redução de 41% no número de crianças no trabalho infantil. Na cidade, o projeto foi renovado por mais um ano com a empresa que patrocina a iniciativa. O grupo espera que os outros 59% estejam livres para ter uma infância feliz em breve.
A nova fase, que pretende ser ampliada para o Brasil inteiro e beneficiar 1500 crianças, conta com o apoio de diversos meios de comunicação, e a editora Confiança (que publica CartaCapital, Carta na Escola e Carta Fundamental) participa deste movimento, produzindo conteúdo editorial especial para a causa. Saiba aqui como você pode fazer parte desta corrente.



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